Único espaço destinado à apresentação dos alunos de
Artes Cênicas foi lacrado devido a problemas estruturais
A Universidade de Brasília (UnB) esconde no
campus Darcy Ribeiro um tesouro para os amantes das artes cênicas. Trata-se do
Teatro Helena Barcelos, localizado ao lado do Instituto de Artes, a poucos
metros do ICC – o famoso Minhocão.
Fechado há mais de cinco anos por causa de uma série de problemas
estruturais, o espaço enfrenta uma verdadeira via crucis para ser reaberto. A
administração da UnB informa que a reforma do espaço custaria R$ 1,2 milhão e
promete a execução do projeto para breve.
“Sabemos que esse é um déficit da universidade. O projeto já está sendo
avaliado e, caso esteja tudo nos conformes, poderemos abrir licitação e iniciar
as obras ainda neste semestre”, disse o chefe de gabinete da Reitoria, Paulo
César Marques. Apesar de parecer bastante otimista, esse discurso vem se
repetindo desde o fechamento do espaço, momento em que Paulo era prefeito do
campus – e, desde então, nada ocorreu.
Para a chefe do departamento de artes cênicas, Nitza Tenenblat, o espaço
é essencial para o curso. “Nossos alunos têm de mendigar em outros centros
culturais da cidade para poderem apresentar seus espetáculos, senão se formam
sem ter uma única experiência com público”, explica.
Inspirado nos teatros oficinas encontrados em diversas cidades
brasileiras, o Helena Barcelos tinha um palco central, com espaço para a
plateia se sentar nos quatro cantos em dois andares. Um gigantesco elevador
hidráulico movimentava o palco por cerca de três metros, permitindo a
elaboração de espetáculos cênicos inovadores.
Passaram pelo teatro grandes nomes da cena brasiliense, como o diretor
Hugo Rodas e a cantora lírica Silvia Davini. As peças que atingiam grande
público eram levadas ao Teatro Nacional, que também se encontra fechado atualmente. Além disso,
era lá que ocorria o Cometa Cenas, evento no qual os alunos apresentavam
espetáculos para obter a diplomação na área.
Hoje em dia, esses eventos são marcados para ocorrer na Funarte ou nos
teatros do Sesc que existem pela capital – espaços cedidos gratuitamente pelas
instituições. Quando isso não ocorre, os alunos são obrigados a se
apresentarem em auditórios e anfiteatros da UnB, que não contam com a
estrutura adequada a espetáculos teatrais.
Problemas anunciados
O
responsável pelo projeto, o professor de arquitetura da UnB Cláudio Queiroz,
credita os problemas do Teatro Helena Barcelos a erros cometidos pela
administração da UnB durante a construção.
Inaugurado em 2002, junto a todo o prédio do departamento de artes
cênicas, a universidade tentava suprir uma dívida histórica com os alunos, que
possuíam apenas uma sala para treinar o aprendizado na prática.
Porém, o projeto, desenhado em 1989, não teria sido finalizado. “Havia
uma pressa em resolver o assunto, deixando de fazer ao menos 80
itens necessários para a conclusão do prédio”, explica Cláudio Queiroz.
Em menos de 10 anos, o espaço ficou em desacordo com as normas de
segurança pública, por exemplo, sem guarda-corpo e saída de emergência no mesmo
andar. O espaço também sofre com problemas estruturais, como infiltrações.
Por Paulo Lannes - Metrópoles