Alírio Neto, ex-distrital:"Frejat realizava um
jogo escondido" - Presidente do PTB no DF admite a possibilidade
de abandonar o grupo após Cristovam Buarque se reunir com Jofran Frejat, cabeça
de outra chapa
No dia em que deveria anunciar o nome do pré-candidato
ao Palácio do Buriti, o grupo de centro-direita liderado pelo senador Cristovam
Buarque (PPS) enfrentou um mal-estar. A divulgação de um encontro entre o
parlamentar e o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR), cabeça de chapa de
uma frente distinta e líder em pesquisas eleitorais, elevou as incertezas da
coalização, na qual desejam concorrer ao GDF o deputado federal Izalci Lucas
(PSDB), o empresário Wanderley Tavares (PRB) e o ex-distrital Alírio Neto
(PTB). Depois do anúncio, os integrantes da composição se reuniram, mas não
resolveram as pendências. Outra discussão está marcada para hoje, quando as
lideranças devem definir se permanecem juntas ou se buscam novas alianças.
Caso a fusão seja confirmada, Alírio Neto adiantou
que vai procurar alternativas, como uma coligação com Eliana Pedrosa (Pros).
Ele classificou o movimento de Cristovam como “um retrocesso”, pois, meses
atrás, os grupos estavam unidos e se separaram justamente devido ao impasse
sobre o número um da chapa. “Àquela época, não deu certo, porque, apesar das
recorrentes conversas, Frejat realizava um jogo escondido. Enquanto
negociávamos, ele fechou acordo com Tadeu Filippelli (MDB) para disputar o GDF
e deixá-lo indicar o vice”, apontou.
A reunião entre Cristovam e Frejat ocorreu na casa
da empresária Karina Rosso (PSD). Ao fim do encontro, os dois políticos
divulgaram uma nota em conjunto. “Estamos convencidos de que no lugar de ir ou
vir de um lado partidário para outro, o melhor caminho seria um encontro por
Brasília”, dizem, na nota.
No grupo de Frejat, o recebimento do sinal de
aliança foi amistoso. Um dos integrantes, o pré-candidato ao Senado Alberto
Fraga (DEM), entretanto, destacou a necessidade do uso de critérios técnicos
para a definição dos donos das quatro vagas majoritárias — Palácio do Buriti,
vice-governadoria e Senado. “Quem tem voto, tem voto. Tem gente que está no
processo querendo ser protagonista sem ter a expressão necessária para isso.
Temos de trabalhar com a realidade”, afirmou.
Possível vice
A ex-deputada Eliana Pedrosa (Pros) está no jogo.
Pode ser vice em três chapas: de Rollemberg (PSB), de Frejat (PR) ou de Alírio
Neto (PTB).
A pergunta que não quer calar….
Cristovam Buarque (PPS), Izalci Lucas (PSDB), Alírio
Neto (PTB), Rogério Rosso (PSD) e Wanderley Tavares (PRB) vão mesmo sair juntos
numa mesma chapa nas eleições?
Caso de conselheiro do TCDF define foro
no STJ
O Superior Tribunal da Justiça (STJ)
iniciou, ontem, discussão sobre a restrição do foro das autoridades com
processos em tramitação na Corte. O debate começou com uma questão de ordem em
ação penal por peculato contra o conselheiro do Tribunal de Contas do DF (TCDF)
Márcio Michel. A intenção é definir se os magistrados adotarão o princípio da simetria
com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), imposta a deputados e
senadores — há duas semanas, a Corte suprema manteve o foro apenas para ações
originadas em crimes praticados durante o mandato e com relação às funções do
cargo. A decisão acabou adiada para 6 de junho por força de um pedido de vista
do ministro Luis Felipe Salomão.
O vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz
Maia, pediu que o STJ preserve o benefício, em qualquer situação, para ações em
tramitação na Corte. O representante do Ministério Público Federal (MPF)
destacou que a extensão da restrição para outras autoridades, proposta pelo
ministro Dias Toffolli, não chegou a ser apreciada pelo STF. “Dessa forma,
continua válida e inalterada a competência do STJ, a consequência sendo a
tramitação dos autos perante este Tribunal da Cidadania”, destacou.
Brecha
Quando a discussão foi interrompida, o placar
estava em 2 x 1 para que o processo contra Márcio Michel fosse enviado à 1ª
instância. Segundo denúncia do MPF, ele teria embolsado R$ 76 mil em verba
indenizatória à época em que exercia o mandato de distrital, entre 2012 e 2014.
O então parlamentar teria firmado contrato com locadora de carros de fachada
para desviar recursos.
Além de conselheiros, dispõem de foro privilegiado
no STJ governadores, desembargadores dos Tribunais de Justiça e dos Tribunais
Regionais Federais e membros do Ministério Público da União (MPU). Em outras
Cortes, magistrados seguiram o entendimento do STF. Nesta terça-feira, o
Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) enviou
para a 8ª Vara Criminal inquérito contra a distrital Telma Rufino (Pros) e
abriu brecha para que processos de outros parlamentares da Câmara Legislativa
desçam de instância. (AV)
Por Ana Viriato - Ana Maria Campos - Correio
Braziliense - Fotos: Oswaldo Reis/CB/D.A.Press - Ilustração: Blog - Google