Área verde do Bloco L da 202 Norte
foi interditada e a laje recebeu escoramento. Defesa Civil diz que problema é
semelhante ao da 210 Norte
Um endereço que deveria servir de moradia para parlamentares na 202
Norte corre risco de desabamento. O Bloco L pertence à Câmara dos Deputados.
Custa, por ano, R$ 686 mil e está com a área verde interditada, pois a
laje e as árvores em volta podem cair.
A Defesa Civil não foi acionada pela Casa para inspecionar o local. Mas,
assim que tomou conhecimento do problema (após ser informada pela
reportagem), foi ao bloco, na segunda-feira (12/3).
Segundo o subsecretário do órgão, coronel Sérgio Bezerra, a situação é
semelhante à ocorrida na 210 Norte. No dia 4 de fevereiro deste ano, os
moradores do Bloco C levaram um susto após a laje do jardim desabar em cima de 23 veículos estacionados
no subsolo. Por sorte, ninguém se feriu.
Após a vistoria na 202 Norte, a Defesa Civil constatou que o risco
de desabamento da laje do Bloco L é mínimo, mas existe. O
prédio está desabitado há pelo menos 10 anos. Atualmente, abriga
escritórios e continua sendo utilizado como depósito de móveis,
produtos de manutenção, entre outros – situação noticiada pelo Metrópoles em
uma reportagem de maio de 2016.
Há pessoas trabalhando no
local, supostamente funcionários da parte administrativa da Câmara,
além de terceirizados. Os deputados, porém, não passam nem perto do Bloco L.
A situação no entorno do bloco chamou atenção de moradores da região. Um
deles contou que, há cerca de um mês, funcionários disseram
ter ouvido um grande estalo após a estrutura da laje afundar e
apresentar fissuras. Por prevenção, o espaço foi interditado e sinalizado,
e recebeu escoras. A Câmara dos Deputados teria sido avisada pelos
trabalhadores do local sobre a necessidade de manutenção.
Problemas diversos
A Casa minimizou o problema. Disse ter isolado a área apenas para Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) retirar algumas árvores que correm o risco de cair. No entanto, elas “não comprometem a estrutura do bloco”, destacou.
A Casa minimizou o problema. Disse ter isolado a área apenas para Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) retirar algumas árvores que correm o risco de cair. No entanto, elas “não comprometem a estrutura do bloco”, destacou.
Sobre o risco de desabamento da laje, assinalou não existir
afundamento na área verde e o escoramento é apenas uma ação preventiva. A
providência teria sido adotada após a Casa tomar conhecimento da
situação da 210 Norte, uma vez que a estrutura de ambos os prédios é
semelhante.
O órgão confirmou ainda a vistoria da Defesa Civil, que recomendou
algumas providências no Bloco L. São elas: realização de um laudo técnico
estrutural, isolamento mais efetivo do piso superior e acompanhamento da
situação.
A Câmara dos Deputados informou que o Bloco L está totalmente
desabitado. Já o K, na mesma quadra, tem três unidades com moradores, mas
será completamente desocupado. A Casa admite os diversos problemas
apresentados os edifícios, como infiltrações, pisos estragados, ferrugem nos
canos e problemas na parte elétrica.
Nos dois locais, funcionam escritórios e depósitos. Já os blocos I e J
estão “quase totalmente ocupados”. Os quatro edifícios localizados na
quadra têm 24 apartamentos com cerca de 200 metros quadrados cada.
A Câmara informou o gasto, em média, de R$ 833 mil anuais com os
blocos I e J. As despesas referem-se ao pagamento de porteiros, faxineiros,
água, energia elétrica e manutenção. A Casa acrescentou que, no caso dos
blocos L e K, o gasto é menor, pois os dois estão quase totalmente
desocupados. Cada um consumiu R$ 686 mil em 2017.
Existe um processo em curso para a contratação de laudo estrutural e
projeto de reforço dos blocos para que os apartamentos sejam subdivididos. Isso
transformaria as atuais 24 unidades de cada prédio em 48, com metragem menor e
dois quartos. No entanto, a medida “está condicionada à disponibilidade
orçamentária e à anuência da Mesa Diretora da Casa”, segundo informou a Câmara
dos Deputados, por meio de nota.
No total, a Câmara tem 432 imóveis funcionais destinados à residência
dos deputados federais no DF. Segundo o site da Casa, as unidades estão
localizadas nas superquadras SQN 302, SQN 202, SQS 111 e SQS 311. São 18
prédios residenciais espalhados pelo Plano Piloto.
Alguns desses edifícios estão interditados para reforma. Do total de
unidades, 90% estão ocupadas. Caso não queiram habitar os apartamentos
funcionais, os parlamentares de outras unidades da Federação têm
direito a auxílio-moradia de R$ 4.253.
Por Bruno Medeiros – Foto:
Michael Melo – Metrópoles