O teste durou duas horas e interrompeu um sentido na via suspensa
- Novacap faz teste de alta pressão com água bruta, imprópria para o
consumo humano, no dia em que Brasília completa um ano de racionamento. Limpeza
definitiva está marcada para começar em 9 de fevereiro, com término no carnaval
*Por Mayara Subtil
Sem limpeza desde 2014, a Ponte Juscelino Kubitschek, um dos principais
cartões-postais da capital, chama a atenção também pela sujeira. Turistas e
moradores se queixam da cor marrom que cobriu o branco dos arcos e das calçadas
do monumento. Para mudar o cenário, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do
Brasil (Novacap) testou, ontem de manhã, técnicas de revitalização sem produtos
químicos e com pouca água.
Após o teste, que durou pouco mais de duas horas e interrompeu o
trânsito, o presidente da Novacap, Júlio Menegotto, afirmou que a forma mais
eficaz e econômica é com o uso de “água bruta” – por não ser tratada, é
imprópria para consumo. “Usamos dessa água apenas para irrigação. Não traz
danos, nem faz falta para a população”, ressaltou.
A limpeza completa começa em 9 de fevereiro e deve termina em quatro
dias, no carnaval. Não há estimativa de quantos litros de água serão gastos.
Além da lavagem, o processo licitatório para manutenção permanente da ponte
está em andamento. Pequenas obras estão previstas para começar em julho de
2018. A promessa é fazer uma lavagem geral ao menos uma vez ao ano. Também
conhecida como Terceira Ponte, a Ponte JK foi inaugurada em 2002 e é uma das
principais vias que liga o Plano Piloto ao Lago Sul, São Sebastião e
condomínios da região.
Os 10 funcionários mobilizados usaram mil litros de água no teste,
ontem. Eles limparam pequenos pedaços da parte de baixo, das muretas e de um
dos três arcos da ponte. O cuidado para evitar o uso de produtos químicos se
deve ao fato de que a água do Lago Paranoá agora abastece imóveis do DF, desde
outubro, em uma das ações do governo para garantir a distribuição de água no
período de racionamento, que completou um ano ontem.
Sem previsão
Em 16 de janeiro de 2017, moradores de Ceilândia, do Riacho Fundo 2 e
Recanto das Emas inauguraram o cotidiano de cortes. Incorporado à rotina, o
governo não tem prazo para acabar com o racionamento. O motivo é manter o
volume dos reservatórios em níveis aceitáveis até a próxima seca.
Os primeiros atingidos pelo corte no abastecimento foram as cidades
abastecidas pelo Rio Descoberto – cerca de 1,8 milhão de habitantes. A opção de
limitar o racionamento a quem mora nas regiões atendidas pelo Descoberto causou
revolta. Alguns reclamaram que o rodízio atingia só a parcela mais pobre da
população. Locais onde o consumo era mais alto, como Plano Piloto, Lago Sul e
Lago Norte, ficaram de fora por serem abastecidos pelo Sistema Santa
Maria/Torto.
Diante da polêmica, o Ministério Público sugeriu a inclusão de todo o DF
no plano de racionamento. Quarenta dias depois, a Caesb anunciou o rodízio nas
cidades abastecidas pelo Santa Maria/Torto e quase 3 milhões de pessoas
incorporaram a rotina de cortes. O Descoberto chegou a ficar com sós 5% de
volume. Mesmo com as chuvas, o índice ainda está a menos de 40%.
(*) Mayara Subtil – Fotos: Breno Fortes/CB/D.A.Press –
Mayara Subtil – Correio Braziliense