Conversas e aproximações: Tiago Coelho, presidente do PSB, Eduardo
Brandão, do PV, Rollemberg, Abadia, do PSDB, e Augusto Carvalho, do
Solidariedade
*Por Ana Viriato
De olho em um novo mandato, governador intensifica negociações com os
principais aliados. Depois de se aproximar de Maria de Lourdes Abadia, trabalha
para fazer de Ronaldo Fonseca senador no ano que vem
A coligação que emplacou Rodrigo Rollemberg (PSB) ao Palácio do Buriti
não deve se repetir em 2018, como sinaliza a debandada de aliados do governador
nos três últimos meses (leia Memória). Por isso, a menos de um ano das
eleições, o chefe do Executivo local intensificou as articulações para
reestruturar sua base, com a inclusão de novos partidos — pendente de alianças
nacionais — e a cessão de mais espaço às legendas que o apoiaram durante
a gestão.
O socialista concentra esforços, principalmente, para viabilizar a
candidatura de Maria de Lourdes Abadia (PSDB) à vice-governadoria e do deputado
federal Ronaldo Fonseca (Pros) ao Senado. As siglas PV e Solidariedade também
devem compor uma eventual chapa para cargos majoritários.
A negociação com os tucanos depende diretamente das composições
nacionais. O PSB avalia apoiar a candidatura ao Palácio do Planalto do
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Mas os socialistas ainda não fecharam
questão sobre o tema e podem estar ao lado, ainda, da Rede Sustentabilidade, de
Marina Silva, ou do PDT, de Ciro Gomes.
A maioria dos integrantes da classe política, entretanto, aposta na
aliança entre PSB e PSDB. Nesse caso, Rollemberg e Abadia receberiam a benção
das respectivas siglas para uma dobradinha no Distrito Federal.
A ex-governadora esquiva-se ao falar sobre a possibilidade. “Tudo é
possível. Pendurei minhas chuteiras várias vezes, mas o partido sempre me
provoca para ir à luta”, disse a fundadora do PSDB-DF. O chefe do Palácio do Buriti
investe pesado na aproximação. São recorrentes os encontros com Geraldo Alckmin
para falar sobre a possível aliança nacional.
Em Brasília, Rollemberg criou a Secretaria Especial de Assuntos
Estratégicos especialmente para abrigar Abadia. “A iniciativa nada tem a ver
com a perspectiva de 2018. Trata-se apenas de uma parceria para cuidar de
questões relativas a comunidades carentes, como Estrutural, Sol Nascente, Pôr
do Sol, Buritizinho”, despista a tucana.
Em relação ao Pros, a missão de Rollemberg é reverter a decisão de
Ronaldo Fonseca, que não pretende concorrer nas eleições de 2018. O governador
trabalha para tê-lo como candidato ao Senado em sua chapa. Esse, aliás, também
é o desejo do próprio partido. A possibilidade da aliança em 2018, garantem
integrantes da sigla, está em 90%. “Ele (Rollemberg) acha que se decidirmos
fechar com o governo, poderíamos incentivar outras legendas a fazê-lo também”,
destaca Fonseca.
Por meio da parceria com o deputado federal, o governador conseguiria
“puxar” votos do segmento evangélico, uma vez que Ronaldo Fonseca é presidente
da Assembleia de Deus de Taguatinga e detém grande influência no meio. Segundo
dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) de 2016, há
830 mil evangélicos no DF.
Provável time para 2018
Maria de Lourdes Abadia (PSDB) - Cargo: vice-governadora
- O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) criou a Secretaria Especial de
Assuntos Estratégicos para abrigar a tucana. A pasta tem enfoque social, uma
das bandeiras da fundadora do PSDB-DF ao longo da trajetória política. Abadia é
amiga particular de Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidência da
República e possível aposta da Executiva Nacional do PSB para 2018. Se
efetivada a parceria, é a ex-governadora quem deve fazer uma dobradinha com o
chefe do Palácio do Buriti nas próximas eleições.
Ronaldo Fonseca (Pros) - Cargo: senador - O
deputado federal garante que são mínimas as chances de entrar como protagonista
na disputa política de 2018. Ainda assim, Rodrigo Rollemberg trabalha para
reverter a decisão. O desejo do governador é emplacá-lo como candidato e,
consequentemente, puxar para a chapa aos cargos majoritários os votos do
segmento evangélico. Ronaldo Fonseca é presidente da Assembleia de Deus de
Taguatinga e detém grande influência no meio — em 2014, conseguiu a reeleição
com o terceiro maior número de votos: 84.583 eleitores.
Chico Leite (Rede) - Cargo: senador - O distrital
apresenta-se como pré-candidato ao Buriti, conforme é o desejo da Rede. Mas,
efetivamente, trabalha pelo Senado. Se a legenda, que tem Marina Silva como
pré-candidata ao Palácio do Planalto, receber o apoio do PSB em nível nacional,
Chico Leite deve compor uma chapa com Rollemberg. Bandeiras como combate à
corrupção e transparência poderiam ser ostentadas pela parceria, que, até
então, está distante de escândalos políticos.
Eduardo Brandão (PV) - Cargo: vice-governador ou senador - Engenheiro civil e empresário, o
presidente do PV-DF pretende garantir ao partido um espaço na chapa
majoritária. O histórico com a política é extenso, uma vez que milita há 27
anos. Ele chegou, até mesmo, a disputar o Palácio do Buriti em 2010, mas acabou
derrotado por Agnelo Queiroz (PT). Além de Brandão, o ex-presidente do
Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e vice-presidente do diretório regional da
sigla, Nilton Reis, pode ser o candidato da legenda.
Memória
Realinhamento
Realinhamento
Rodrigo Rollemberg enfrentou uma debandada de aliados neste ano. Em
pouco mais de dois meses, deixaram a base de apoio três partidos — PDT, PSD e
Rede. Entre as justificativas, as siglas elencaram “falta de pertencimento à
gestão”, “pouco espaço na administração pública” e “insatisfação com as
decisões do chefe do Buriti”.
O governador ficou isolado, rodeado apenas por legendas de menor
expressão. A maioria delas, inclusive, sinaliza o desembarque próximo, como
PRB, Podemos e PHS. Com os distanciamentos, resta a Rollemberg investir pesado
nas coalizões nacionais para que os efeitos dos acordos interfiram nas
movimentações do meio político local.
Solidariedade mantém apoio
Entre os
partidos que integraram a coligação Somos todos por Brasília, em 2014, apenas o
Solidariedade, do deputado federal Augusto Carvalho, permaneceu ao lado do
governador Rodrigo Rollemberg. “É prematuro deixar a base neste momento. O que
estamos vendo ultimamente é apenas a fogueira das vaidades. A administração, de
fato, foi difícil nos primeiros anos, devido à crise. Mas vemos um cenário de
melhorias. Apoiamos um projeto vitorioso e não vejo por que sair agora”,
pontuou Carvalho.
O projeto do Solidariedade, por ora, inclui apenas a construção de uma bancada nas Câmaras Federal e Legislativa. O partido precisa sobreviver às regras impostas pela reforma política, como a cláusula de barreira, norma que restringe o acesso ao Fundo Eleitoral dos partidos que não alcançarem determinada representação de deputados federais. Dessa forma, Augusto Carvalho deve concorrer à reeleição.
O PV, comandando em Brasília por Eduardo Brandão, também mantém conversas com Rodrigo Rollemberg e pode fechar com o PSB para as próximas eleições. A parceria, contudo, está condicionada à participação do partido na chapa para os cargos majoritários. “Entendemos que podemos pleitear isso. Temos bons quadros. Queremos governar junto. Quando colocamos uma candidatura, há responsabilidade sobre o projeto”, destacou o presidente da sigla.
Com a pré-candidatura do distrital Israel Batista (PV) ao cargo de deputado federal, os nomes do PV para a vice-governadoria ou o Senado seriam o ex-presidente do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) Nilton Reis, o ex-candidato a vice-governador Luiz Maranhão, ou o próprio Eduardo Brandão, que chegou a mirar o Palácio do Buriti nas eleições de 2010, mas acabou derrotado por Agnelo Queiroz.
Retorno
Outra possibilidade é a de a Rede Sustentabilidade ter de retornar à base aliada de Rodrigo Rollemberg, caso o PSB apoie a candidatura à Presidência da República de Marina Silva. Nesse caso, o partido que desembarcou do governo no último mês, e entregou os cargos ocupados por correligionários, lançaria o distrital Chico Leite como candidato ao Senado pela chapa do chefe do Executivo local. “Se isso acontecer, claro que influenciará nossas decisões a nível local. Mas há discordância quanto a várias decisões do governo. Tudo isso vai ser ponderado no caminho para 2018”, destacou o parlamentar.
Por ora, a prioridade da Rede é viabilizar a aliança com o PDT, do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle, e o PV, de Eduardo Brandão. Os partidos detêm grande afinidade e integram o mesmo bloco parlamentar na Câmara Legislativa. Para firmar a possível coligação, porém, é necessária a aglutinação de mais siglas e a batida do martelo sobre os apoiadores da candidatura de Marina Silva.
(*) Ana Viriato – Fotos: Antonio Cunha/CB/D.A.Press – Minervino Júnior/CB/D.A,.Press – Correio Braziliense