Foram registrados 20 acidentes no local até hoje,
três deles com morte. No ano passado inteiro, foram 21, com o mesmo número de
óbitos. Equipes de salvamento são reforçadas nos fins de semana, quando o
público que visita a região é maior
O ano ainda não chegou ao fim, mas a
quantidade de afogamentos no Lago Paranoá praticamente se iguala ao do ano
passado inteiro. Até o momento, foram registrados 20 acidentes do tipo no local
— três deles com morte, assim como no ano anterior. Em 2015, dos 60 afogamentos
contabilizados no Distrito Federal, 21 ocorreram lá. A expectativa das
autoridades é de que, com a chegada do verão, das festas de Natal e das férias
escolares, esse número aumente ainda mais.
Os maiores inimigos dos banhistas são o
excesso de confiança, a falta de acessórios de salvamento, a ingestão de álcool
e a execução de manobras radicais, como saltos de pontes. Esses fatores criam o
cenário perfeito para a ocorrência de afogamentos, segundo o Corpo de Bombeiros
Militar do DF (CBMDF). Crianças não acompanhadas nos mergulhos são ainda mais
vulneráveis a esse tipo de ocorrência.
Sara Cardoso Ventura, 24 anos, é
frequentadora do Lago Paranoá e combate o excesso de confiança com a
vigilância. Mãe de gêmeos, ela costuma ir ao Piscinão do Lago Norte, um dos
locais considerados críticos pelo Corpo de Bombeiros, e fica de olho nos
pequenos. “Eu nem nado aqui, minha atenção fica toda voltada para eles”,
relata.
Muitos dos afogados no lago sabem
nadar. “O que mais provoca afogamentos é a falta de sensibilidade aos riscos.
Normalmente, a pessoa quer atravessar o lago, chegar a algum ponto que ela vê
como desafiador, ou ainda quer fazer a travessia após ter ingerido bebidas
alcoólicas”, explica o tenente Mendonça, do Grupamento de Busca e Salvamento do
Corpo de Bombeiros.
Ele destaca ainda que mesmo os
nadadores profissionais,precisam ter preparo para mergulhar em lugares como
esses, porque as condições de nado são diferentes. Quem está habituado à
prática em piscinas, por exemplo, normalmente tem referências tanto das
margens, como do fundo. No entanto, no lago, não é possível definir os limites.
Muitas vezes, após nadar uma longa distância, o banhista não consegue chegar ao
ponto desejado, voltar, ou se apoiar no fundo. Nessas ocasiões, pode perder o
controle emocional e se afogar.
Monitoramento
O Corpo de Bombeiros promoveu pesquisas
em setembro e em outubro de 2015 para identificar onde o público é maior e desenvolver
trabalho de prevenção a esse tipo de acidente. Com o levantamento, foi possível
identificar os pontos críticos em duas das três raias do Lago — centro, norte e
sul (veja o quadro). Devido à desocupação na orla do lago, que ocorreu em julho
deste ano, a corporação acredita que o número de banhistas e frequentadores
tenha aumentado ainda mais.
Coordenador do Movimento Amigos do Lago
Paranoá, Guilherme Scartevine diz já ter presenciado de tudo um pouco. “Cada
acidente tem sua particularidade, mas algumas coisas são muito recorrentes. Das
mais de 20 pessoas que resgatei, apenas uma não havia bebido”, relata. Antonio
Carlos Marques, 23, assume que ingere bebidas alcoólicas quando passeia pela
região, mas diz que não costuma ir muito longe ao nadar. “Não desafio os limites, principalmente
quando trago bebidas. Sei que é perigoso”, garante.
Quem faz o uso de barcos também precisa
obedecer a algumas regras. O condutor não pode ingerir bebidas alcoólicas e
deve ter a Carteira de Habilitação Amador (CHA). O tenente Mendonça reforça
ainda que a colaboração dos visitantes com o respeito às regras é essencial,
mesmo com reforço da corporação nas áreas com maior movimentação e nos fins de
semana. “O bombeiro nesses locais vai trazer um pouco mais de segurança, mas as
pessoas precisam ter o cuidado.”
Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog -
Google