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Brasília vista de cima


Toda boa análise de conjuntura se inicia com o conhecimento do todo, para, em seguida, se aproximar dos detalhes e conferir unidade e sentido ao conjunto. Com as cidades, ocorre exatamente isso. É preciso, antes de tudo, uma visão geral de ruas, avenidas, bairros, parques, prédios públicos e outras construções para se processar qualquer intervenção racional no tecido urbano.

Notícia dando conta de que o GDF abrirá licitação para a realização de levantamento aerofotogramétrico de toda a área urbana da cidade vem em boa hora, já que o último mapeamento aerofotográfico foi feito há quase duas décadas e já não corresponde, portanto, ao retrato atual de uma capital que se expande em ritmo frenético.

Vista de cima, a grande Brasília, passados meio século de fundação, é outra cidade, com outros problemas, distantes daqueles propósitos iniciais que caracterizaram o modernismo das décadas de 1950 e 1960. O mapeamento aéreo é ferramenta fundamental para todo e qualquer trabalho de urbanistas e outros profissionais que lidam com segurança, saúde e organicidade das cidades, consideradas, por muitos, organismos vivos, que crescem, se expandem, envelhecem e morrem.

A utilização dessa ferramenta para aperfeiçoar o planejamento da ocupação do território, antevendo áreas que poderão ou não servir para futuros adensamentos, é de grande importância não só para o amanhã da capital, mas, sobretudo para a qualidade de vida dos habitantes. Quando das discussões sobre o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) — feitas de forma atabalhoada para atender a interesses de políticos espertalhões aliados a empresários gananciosos —, as únicas vozes discordantes partiram justamente daqueles urbanistas sérios que insistiam no levantamento aéreo prévio das áreas em discussão.

As possíveis variáveis que se abrem com o mapeamento vão desde a recuperação de nascentes aterradas, passando pelo enquadramento daquelas invasões invisíveis, feitas pelo comércio e pelas residências às margens do Lago Paranoá, até chegar aos estudos que apontarão precisamente para onde a cidade poderá se estender com segurança. Certamente, a população espera que o governo use o levantamento com intenção mais nobre do que só cobrar IPTU.


Por: Circe Cunha – Coluna: “Visto, lido e ouvido” - Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto: Google

1 Comentários

  1. Levantamento aerofotogramétrico, mais que importante. É imprescindível. Não é sério um proeto de LUOS e PPCUB sem esse levantamento. Certamente a arrecadação do IPTU cresceria muito..

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