Em um dos trechos da Transbrasília, em Samambaia, o sistema aéreo de transmissão de energia será enterrado
A antiga Via Interbairros vira prioridade no governo Rodrigo
Rollemberg e ligará Samambaia ao Plano Piloto, por Águas Claras, Guará e Park
Way. O novo modelo prevê a construção de comércios e residências ao longo da
pista construída por meio de Parceria Público-Privada
O projeto de construção de uma rodovia expressa ligando o
Plano Piloto a Samambaia tem quase uma década, mas nunca saiu do papel. A
proposta da Via Interbairros ganhou novo nome, mudanças de traçado e, agora, é
prioridade para o governador Rodrigo Rollemberg. Com o apelido de
Transbrasília, a pista será construída por meio de Parceria Público-Privada a
um custo estimado de R$ 1,4 bilhão. O modelo de concessão à iniciativa privada
e as regras para parcerias com empresários foram definidos na última quarta-feira,
quando o chefe do Executivo local assinou um decreto detalhando as normas de
PPP do governo. Os empresários analisam a viabilidade econômica de novos
empreendimentos em parceria com o Palácio do Buriti, entre eles a Transbrasília.
A ideia
de construir uma pista entre Samambaia e o Plano Piloto, passando por Águas
Claras, Guará e Park Way, surgiu em 2006, durante o governo Joaquim Roriz.
Inicialmente, a pista seria entre Asa Sul e Ceilândia. Foi na gestão do
ex-governador José Roberto Arruda que a Interbairros ganhou forma, sob a
coordenação do arquiteto paranaense Jaime Lerner. A iniciativa previa, além da
construção da rodovia, a oferta de empreendimentos comerciais e residenciais às
margens da pista.
O
secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Júlio César Peres, explica
que o novo modelo para a pista traz novidades e prevê um traçado mais longo. “A
concepção da Transbrasília difere muito do antigo projeto da Interbairros.
Antes, a pista iria apenas até a Subestação de Samambaia. Agora, a nossa
intenção é de que a via atravesse toda a cidade, beneficiando a população de
Samambaia”, detalha. Os empresários que fecharem parceria para fazer a obra
terão de concluir a construção e, em troca, poderão explorar terrenos
residenciais e comerciais à beira da pista.
Júlio
César conta que a alteração do projeto da rodovia deixará os custos mais altos,
pois será preciso enterrar todo o sistema aéreo de transmissão de energia.
“Naquela área, os cabos são mais largos, com maiores descargas, isso vai
aumentar os valores. Mas o importante é levar desenvolvimento à região”,
justifica. O que se sabe até agora é que o novo traçado da Transbrasília prevê
a construção de seis pontes, três viadutos e três trincheiras, mais conhecidas
como mergulhões. O presidente da Associação de Moradores de Samambaia, Domício
do Carmo, diz que a comunidade aguarda há muito tempo por essa intervenção. “Há
10 anos que a gente ouve falar desse projeto, mas a construção nunca começou.
Precisamos de uma alternativa, pois o trânsito de Samambaia ao Plano Piloto
está impraticável”, comenta o líder comunitário.
Integração
Ao longo
da via, haverá polos de integração e empreendimentos, de acordo com as
características de cada cidade. No Guará, por exemplo, a ideia é de que sejam
erguidas áreas comerciais, com escritórios corporativos, integrados ao metrô e
à linha férrea. Na região do Park Sul, próximo à Estrada Parque Indústria e
Abastecimento (Epia), o projeto prevê ciclovias e calçadas mais largas. No Park
Way, a proposta é assegurar empreendimentos comerciais, com altura limitada a
dois pavimentos. “A via passará por diversos parques. Queremos valorizar essas
áreas. O consórcio fará a urbanização dessas áreas para que a população possa
usufruir dos espaços da melhor forma possível”, adianta Júlio César.
Em nota,
a Secretaria de Gestão do Território e Habitação informou que a proposta da
Transbrasília “é um projeto integrado que prevê uma política urbanística para a
área”. Segundo a pasta, o objetivo é que a ligação tenha atrativos. “Não será
apenas uma via entre a região oeste e o Plano Piloto. O intuito é estimular a
multifuncionalidade dos espaços”, explicou. O Plano Diretor de Ordenamento
Territorial (Pdot) prevê espaços para a construção de residências, comércio,
centros de ensino superior e indústrias ao longo da via. Como previsto pelo
Pdot, o licenciamento de empreendimentos para as áreas às margens da
Transbrasília deverá passar por um estudo de impacto de vizinhança.
Terceirizados voltam ao serviço
A
greve dos terceirizados da educação chegou ao fim. O movimento, que durou dois
dias, prejudicou a limpeza e a merenda de estudantes das escolas da rede. Os
funcionários responsáveis pela higienização dos ambientes e pelo preparo de
comida cruzaram os braços, pois não receberam o reajuste salarial do ano. As
empresas que oferecem os serviços alegaram que não tinham como fazer o repasse
para os empregados, pois o GDF não reajustava o preço do contrato desde 2013.
As secretarias de Educação e de Relações Institucionais se reuniram com os empresários
e negociaram o reajuste de preços a partir de junho. A Planalto Service, a Juiz
de Fora, a G & E Serviços, a Real JG Serviços e a Servegel Apoio farão o
repasse aos funcionários. De acordo com a presidente do Sindiserviços, Maria
Isabel Caetano dos Reis, os trabalhadores receberão o retroativo do primeiro
semestre diluído nos próximos seis vencimentos.
Fonte: Helena Mader – Correio Braziliense